"eu não sabia que era prá matar" - foi o que o pescador disse em sua defesa.
Pessoas como esse pescador são muitas no mundo. Isso nos faz imaginar como essas pessoas cresceram da infância, quando o afeto e a empatia pelos animais é maior, para a idade adulta na qual matar é a primeira e única reação quando em conflito com um animal.
Tão logo a criança nasce, inevitavelmente, alguém vai colocar um bichinho de brinquedo no berço antes da criança ser posta para dormir nele. Na maioria das vezes, esses bichinhos não são apenas brinquedos - eles são amigos que dão proteção e conselhos. Além dos animais de brinquedo, acrescentam-se inúmeras estórias para crianças tendo animais como personagens centrais - animais que ensinam as crianças o que é certo e o que é errado, bem como ensinam boas maneiras, bondade e justiça.
Então, um dia, essa criança fica confusa por ter sido posta de castigo pelos pais por ter atirado uma pedra no cachorro do vizinho - e mesmo assim, descobre que o Papai envevenou aqueles cães vadios que costumavam passar ali por perto e furar os sacos de lixo. Descobre que há um passarinho na casa que não pode usar suas asas porque é mantido em uma gaiola pequena e bonita. E descobre que a mamãe tem uma coisa pendurada no cabide do armário que se parece muito com o cachorro do vizinho.
E um dia, a criança chega em casa e pergunta se é verdade o que a professora disse: que o hambúrguer vem das vacas que são mortas e que aquele caldo vermelho que os pais disseram que era "parte do bife", na verdade é sangue. E a criança ouve que não é para ela se preocupar com isso porque é para isso que os animais "servem".
Então, em outro dia, a Mamãe guarda ou joga fora seus bichinhos de pelúcia, o Titio aparece e põe uma espingarda de caça nas mãos dessa criança de 12 anos, dizendo que ele vai aprender como acertar com um só disparo, os passarinhos.
E não muito depois, na escola, os hamsters, camundongos e coelhos - que essa criança se lembra de vê-los brincar no jardim de infância - estão flutuando em jarras de formol nas prateleiras da sala durante a aula de biologia e o professor ensina a maneira correta de matar o sapo antes de cortá-lo em pedaços para aprender as maravilhas da vida.
E antes dessa criança se tornar adulta, ela aprendeu que os animais de verdade são infecciosos, mal-cheirosos, perigosos e não merecem respeito. Ela aprendeu que os animais estão no mundo para a sua gratificação, e que as lições valiosas que aprendeu em sua infância só se aplicam a humanos.
Então essa criança se torna o pescador de 61 anos, que fica tão surpreso quando uma criatura que compartilha o mar com os peixes aparece em sua rede, que sua única solução foi golpear a cabeça da criatura até que ela se abrisse.
E tudo o que seus pais, seus professores, sua sociedade e sua religião ensinaram a essa criança em todos os anos de sua vida pode ser resumido nessas 7 palavras:
"eu não sabia que era pra matar."
O cãozinho da foto estava deitado em uma calçada e foi atropelado (de propósito) por uma motocicleta...não estando satisfeito com o que fez, esse "humano" que o machucou pegou esse cãozinho e o levou até o meio da avenida para que os veículos que trafegavam terminassem de matá-lo.
Hoje, o Paçoca está em segurança, aguardando a cirurgia para colocação de pinos em sua patinha que dói muito e que o faz gritar, ganir, chorar de dor...teve fratura total do osso rádio.
Ainda assim, ele consegue gostar dos humanos(...)
Obrigada aos amigos que estão ajudando a salvar a vida do Paçoca.
Estes sim, são humanos (homens e mulheres) de verdade.
Dindas.
2 comentários:
Boa tarde, eu vi a matéria de vcs no em movimento e me interessei em tornar voluntária do au-aufanato!
Vcs tem algum email para contato?? telefone??
Bjs
Fernanda
farmaceutika@hotmail.com
Boa Tarde!!!
Queria o telefone e aonde voces se localizam???Minha mae queria ser uma voluntária....
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