kaká

Procuro sempre usar o blog de maneira impessoal, para evitar que seja um diário da minha vida de protetora, porém hoje vou abrir uma exceção e fazer um post pessoal.

Há cerca de um mês o nosso querido Kaká foi levado para um outro abrigo por pessoas que também trabalham pelos animais e que foram responsáveis pelo seu resgate e chegada até o Aufanato, sabíamos que iríamos sentir muita falta dele, mas a idéia de dar mais atenção e mais cuidado ao Kaká prevalecia e por isso ele se mudou, já velhinho...

Sei que ele descansou mas me aparece no pensamento cada vez que fecho os olhos.

O kaká, não erá um cachorro qualquer, ele era um super cachorro...suportou a dor de ter seu corpo queimado pelo antigo "dono" se recuperou das queimaduras, daí vieram os problemas nas articulações, a doença de carrapato...e ainda assim era dócil e carinhoso com todos que pronunciavam seu nome...desde que se tornou Kaká, foi um cachorro feliz, reinava no abrigo vivendo do jeito que queria, dormindo na baia, na areia, debaixo da árvore..de acordo com a vontade do seu coraçãozinho cansado. Como todos bem sabem, o tempo castiga todos nós, e o Kaká não iria ficar ileso...os pêlos brancos já eram muitos misturados aos poucos que o fogo não consumiu, a saúde fragilizada não permitia que ele "vivesse" perfeitamente, porém era cuidado por nós perfeitamente.

O tempo só não tirou dele todo o amor e a dedicação que é peculiar aos cães, mesmo já bem velhote olhava-nos com ternura e felicidade...se algum dia não acordou prá nos recepcionar, foi por que estava adoecido e descansava, e sonhava, e roncava...profundamente.

Ultimamente ele vinha mais quieto, mais cansado, dormindo em pé, bebendo bastante água, porém, eu acho que ele não tinha do que reclamar, fazíamos de tudo para que ele se sentisse bem...na segunda-feira (31/06) recebemos a nótícia de que o Kaká tinha partido, todas nós ficamos muito tristes, sem exceção, e eu posso falar por mim, no último domingo, quando estive no abrigo, senti uma coisa esquisita, pensei vê-lo caminhando em minha direção, bem devagar, abanando o rabinho e latindo (ele não costumava latir) e me olhando com aquela cara de que queria alguma coisa, sem pedir nada em troca...ele veio se despedir de mim.

Hoje, tenho certeza de que ele está numa melhor, mas prá gente, faz um falta imensa...sempre afirmei de todo coração que o cachorro é sim, o melhor amigo do homem e mesmo sem poder falar, sabem tudo sobre "viver", mas a cada dia tenho mais certeza da minha pequenez em relação a eles...queria ter só uma mínima parte da sabedoria do kaká, talvez hoje, não sofresse com as atitudes dos meus iguais. Quem conheceu o Kaká, e sabe de toda a história que o envolvia, sabe bem do que eu estou falando, quem tem um cachorro ou já teve um e o amou verdadeiramente também sabe, quem não teve, não tenha medo: adote ou "ganhe" um. A vida é muito mais surpreendente ao lado deles.

E encerrando a homenagem ao amigo que se foi, vou usar uma frase que li esses dias e gostei:

"Um cão é a única coisa na terra que o ama mais do que ama a si mesmo".

Saudades Kaká.

Mariana